Resenha: Livro Honra Pirata de Helena Grillo

Eu já tinha comentado aqui no blog sobre a pré-venda do livro Honra Pirata e então, a autora Helena Grillo me deu a oportunidade de tê-lo em mãos e poder conferir esse primeiro livro que faz parte da série Espadas e Pistolas.

Desde bem pequena Marina foi rejeitada pelo pai e usada como cobaia em suas experiências científicas. Seu único conforto eram as visitas escondidas que recebia de sua irmã gêmea, Mônica. A adolescente já havia perdido as esperanças de ter uma vida normal quando seu pai perde o controle de um experimento e Marina viaja no tempo, indo parar no navio do temido Barba Negra. Diante dessa nova realidade, a menina é obrigada a amadurecer e lutar por sua sobrevivência em meio a piratas e ataques de inimigos, mas também passa a ter a oportunidade de conhecer o mundo, descobrir o amor e entender o que é a verdadeira amizade.

Gênero: Fantasia/Aventura | Páginas: 220 | Editora: Coerência | Nota: ★★★★★

Logo de início o leitor fica revoltado em relação a forma como Marina, a protagonista, é tratada. A mãe da menina morreu no parto e ela nunca foi desejada pelo pai, o que o faz usa-la como cobaia em seus experimentos científicos, e em um deles, que envolvia viagem no tempo, algo dá errado, Marina vai parar em um navio pirata, e sua irmã gêmea Mônica, aparentemente morre nesse acidente.

Por Marina ter sido criada dentro de um laboratório e nunca ter tido acesso ao mundo exterior, tudo o que ela conhece vem da televisão, e de livros que sua irmã levava pra ela escondido do pai. Assim, como pano de fundo, Honra Pirata nos mostra o crescimento da protagonista em paralelo com a temida puberdade. Quando Marina vivia presa no laboratório de seu pai, ela não precisava se preocupar com as descobertas naturais das quais todas as moças passam, mas ela acaba tendo essa experiência dentro de um navio pirata. E aqui entra a minha empatia por Sereia Negra, a capitã do navio e viúva de Edward Teach, o famoso Barba Negra. Sereia é mulher e precisa sempre se reafirmar como capitã dentro de um navio apenas com tripulantes homens, e a única forma que ela vê de fazer isso é com atos de violência, até que Marina chega e Sereia acaba sendo mais terna com a menina, ela entende seus dilemas femininos, mas nem por isso deixa de ser firme com a adolescente.

"Se é algo que eu não quero e, ainda assim, tenho que fazer contra a minha vontade, então é escravidão" - Inaiê; pág.68

E claro, também há as indagações do coração. Marina que antes não conhecia nenhum menino da sua idade, acaba sendo bem vista por dois. Confesso que fujo dos romances e sempre dou uma revirada de olhos nessas situações de primeiro amor, mas a autora conseguiu construir sentimentos, nada acontece de forma abrupta, o que me agradou bastante. Além disso, o romance não é o foco do livro, mas apenas uma consequência.

Inaiê é um índio brasileiro, primeiro amigo que Marina faz nessa aventura dentro dos mares. Inaiê também tem uma história triste, mas é um personagem destemido e digno de empatia. Já Mateo, é um ministro da Palavra de Deus que vive dentro do navio pirata, suas escolhas são sempre baseadas na Bíblia, no amor e no respeito, ao contrário da forma como age seus familiares.

"Marina é livre para decidir o que quer. Se ela te ama e te escolheu, lutar não adiantaria. Ela não é um prêmio, eu respeito suas decisões." - Mateo; pág.183

Marina é uma protagonista extremamente altruísta, ela viveu sem se preocupar muito com o rumo de sua vida, e a morte era uma certeza, afinal, ela sabia que a qualquer momento poderia falecer em algum experimento de seu pai. E ela transporta esse sentimento para sua nova vida como pirata, o que a faz correr inúmeros riscos para salvar a vida de outras pessoas. Além disso, a protagonista tem grande empatia e coragem, e no decorrer do livro é possível notar seu crescimento e autoconhecimento. Marina não perde a sua essência, mesmo que o ambiente em que ela viva não seja favorável para a sua bondade.

É nítida a pesquisa cabal que a autora fez ao escrever o livro, ela consegue fazer menção a diversas culturas e lugares em um livro pequeno e fácil de ler. Helena escreve de forma fluída, com coerência e coesão. Honra Pirata é um livro de fantasia, mas verossímil no que se diz respeito a fatos históricos.

Todo início de capítulo traz como título o nome de um livro, muitas vezes um clássico, mas sempre uma obra conhecida. E isso faz referência ás leituras de Marina, pois ela relaciona o quote de um livro lido com alguma situação que ela passa dentro do navio pirata, e isso é bem legal por que quem lê com frequência vai acabar se identificando.

As ilustrações do livro foram feitas pela própria autora, não são desenhos que tomam grande parte da obra, mas o deixa ainda mais atrativo, assim como a sua edição, que está belíssima e é de boa qualidade, com páginas amarelas e uma capa de encher os olhos.

Fico muito feliz quando leio bons livros de autores nacionais. No mais, fico aqui ansiosa aguardando o segundo livro da série, que de acordo com Helena, já está em desenvolvimento.

Você pode adquirir seu exemplar de Honra Pirata por meio do site da editora, ou na Amazon.