14 setembro 2017

Dois Livros Para Ler Durante a Campanha Setembro Amarelo





Antes de começar, acho válido avisar que o assunto do post é pesado, porém, necessário. Também, quero deixar claro que os livros comentados neste post são para que você possa entender melhor sobre o que leva alguém a pensar em suicídio, e que possa ajuda-la, evitando o ato. Mas, se você está do outro lado e pensa no assunto como uma opção para a sua vida, sugiro que nem leia esse post, mas que agora mesmo procure conversar com alguém, ligue 141.

Por sofrer de depressão, síndrome do pânico e transtorno de ansiedade generalizada, eu apoio totalmente a campanha Setembro Amarelo, que tem como objetivo conscientizar sobre a prevenção ao suicídio, já que grande parte do que leva uma pessoa a ir por esse caminho são os transtornos psicológicos. Por isso, assim como no ano passado, eu não poderia deixar de trazer esse assunto para o blog. Porém, dessa vez quero compartilhar dicas, mais especificamente dois livros que trazem a temática do suicídio e podem ser de grande aprendizado sobre o assunto para quem os lê.




Estes livros caíram de paraquedas nas minhas mãos pelo wattpad e eu resolvi que ao invés de fazer resenha, guardaria meu conceito sobre eles até o momento em que as pessoas estivessem mais suscetíveis a ouvir sobre o assunto do qual eles tratam. Afinal, "falar é a melhor solução".

No começo do ano a Netflix liberou uma série baseada no livro de Jay Asher que tem o mesmo nome, "Os Treze Porquês" (sinopse aqui). A alguns anos atrás eu tive a oportunidade de ler o livro, mas eu não a aproveitei, e desde então Os Treze Porquês sempre esteve na minha lista para futuras leituras. Logo que soube sobre a série, resolvi enfim, primeiro ler o livro. Enquanto a internet pirava e as pessoas estavam assistindo todos os episódios rapidamente e liberando freneticamente resenhas da primeira temporada, eu estava lendo calmamente o livro, tentando entender todos os pormenores de porquê Hannah havia cometido suicídio. Ao terminar o livro, fui ver a obra da Netflix com receio, afinal, é frequente nós acharmos o livro sempre melhor do que a adaptação cinematográfica. Mas, dessa vez fiquei impressionada, o livro é ótimo, mas caso você não tenha o hábito de ler, a série pode ser o suficiente. Dez anos depois da estreia do livro, a série Os Treze Porquês conseguiu abranger muitos elementos importantes que talvez passem despercebidos pelo leitor ao ter contato com o livro, por que foi isso o que me aconteceu.

Foto de Subexplicado
A série, assim como o livro, é forte. Confesso que por vezes passei algumas partes e saí de frente do computador em outras, mas acredito por exemplo, que o episódio em que é mostrado nitidamente como Hannah tira sua vida foi necessário. O suicídio não é bonito, mas ainda assim muitos tentam romantiza-lo, vejo muito disso no Tumblr, nada contra a rede social, mas totalmente contra quem prega que desistir da vida é algo belo e uma opção em aberto.

Aprendi com esse livro que as vezes você fala ou faz coisas que pra você é simples, uma brincadeira, porém, isso pode ter um efeito negativo em outras pessoas. Ainda mais quando se trata de adolescentes, que estão em transição para a vida adulta, uma fase que nem sempre é fácil.
"...[Não havia] ninguém que se importasse. Então, eu virei pro lado e a dor veio. Rápida. Forte. Devastadora. Senti minha alma rasgando ao lembrar daquelas palavras. E dói. Ainda dói."
Infelizmente Hannah escolheu um caminho trágico por inúmeros motivos (não só 13) despercebidos por aqueles que a amavam e é isso o que acontece também no livro "Eu Estive Aqui" de Gayle Forman (sinopse aqui). Nesse livro, Cody precisa lidar com o suicídio da sua melhor amiga Meg.

Foto de Bela Psicose
Conheci esse livro enquanto fuçava dentro da loja online Submarino, a sinopse me pareceu muito interessante, já que envolvia um mistério e eu amo investigações, haha. Fiquei feliz de tê-lo encontrado no wattpad e não resisti, li rapidamente. A história nos mostra o que as pessoas pensam após o ato impensado de alguém que elas amavam. Cody se pergunta o que houve, por que Meg não pediu amparo e o que ela poderia ter feito para ajudar a amiga. Cody se culpa. E durante toda narrativa do livro ela procura um culpado, mas o fato é que ele não existe. <spoiler> O motivo para Meg ter feito o que ela fez foi a depressão, uma doença da qual apenas a família sabia que ela tinha, e apesar de Cody ser sua melhor amiga, ela nunca soube do sofrimento interno pelo qual Meg passava. </spoiler> Esse livro nos traz um alerta, esteja sempre vigilante sobre alguém que você tem contato e sabe que tal pessoa pode ter inclinação suicida. Assim como Hannah, Meg também deu alguns sutis indícios do que pretendia fazer, e é dessa forma também que acontece na vida real. Aliás, depois de alguns meses que li o livro, estava assistindo um programa no canal ID (Investigação Discovery) e percebi que a narração do caso estava muito parecida com a história do livro, corri para a internet e acabei descobrindo que Eu Estive Aqui é um livro baseado em caso real, e por pura coincidência, tive acesso a detalhes da história.
"Ela era o meu sol, então o meu sol se apagou (...)"
Se você tem pensamentos suicidas e insistiu em ler este post (mesmo com o alerta no ínicio dele) não te aconselho a ler os livros, pois assim como eles podem ser de ajuda pra que você entenda que essa não é a solução, eles também podem lhe causar um efeito contrário, sendo um gatilho negativo. Até por que, o objetivo da campanha é evitar o suicídio e não, causar o chamado efeito Werther. Saiba que você não está sozinho (a). Muita gente entende o que você passa, MUITA MESMO. Quando comecei a ter sintomas de depressão, achei que ninguém me entendia, que só eu passava por essa tristeza consumidora e incontrolável, mas com o tempo, descobri que pessoas que eu tinha contato quase que diariamente também sentiam a mesma coisa, ou seja, passei a me sentir acolhida. A solução foi me aceitar e conversar sobre o assunto, falar sobre como me sentia, sem medo das críticas, essas que aliás, foram quase nulas. Procure alguém de confiança e fale. Também, existe o Centro de Valorização da Vida, você pode pedir ajuda ligando 141, ou conversar com alguém diretamente pelo site.

E para você que convive com alguém que tem transtornos psicológicos, as dicas são simples, tenha paciência, seja um(a) bom(a) ouvinte e abrace.
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