Em Busca da Minha Carteira de Habilitação

Entre as minhas metas para esse ano, a principal era conseguir minha carteira de habilitação. Eu sentia que precisava aprender a dirigir para me sentir mais independente, para usufruir daquele sentimento de objetivo alcançado sabe?! Os momentos em que eu mais me sentia tola por ainda não ter minha CNH, era quando eu precisava ir ao mercado e voltava caminhando cheia de sacolas pesadas nos braços, ou quando eu precisava fazer isso, ou aquilo, mas era necessário ir de carona, ou a pé, quando não tinha a carona.

Pois bem, em abril desse ano eu dei entrada na autoescola. Fiquei empolgada, mas ao mesmo tempo com medo, pois eu não sabia ao certo que desafios que me aguardavam. E até então eu não sabia que conseguir minha CNH seria tão difícil quanto aprender a tocar um violão strinberg.

A primeira etapa do processo foi fazer o teste psicotécnico. Eu fiquei tão ansiosa para esse teste, que um dia antes eu tive uma recaída depressiva. Veja bem, pra mim é fácil fazer uma prova, desde que eu tenha estudado para ela. E nesse caso, eu não sabia o que me seria exigido durante o exame, e nem como ele funcionava. O teste psicotécnico foi muito louco pra mim, saí de lá sem saber se eu tinha passado. Mas então, cheguei em casa e logo entrei no site do DETRAN, e para a minha surpresa, eu estava apta.

Primeiro obstáculo vencido. Então, fiz as 45 aulas teóricas como se eu estivesse novamente na escola. Eu estudei de verdade aquela apostila para a primeira habilitação. Eu estudei tanto que comecei a ficar chata, passei a julgar e apontar os erros de todos os motoristas que eu tinha contato (meu marido e minha mãe sofreram). Mas entendam, toda essa avaliação que eu fazia dos motoristas ao redor, era pra mim como estudar para o teste de 30 questões teóricas do DETRAN. E depois de terminar todas as aulas, lá estava eu novamente, ansiosa, nervosa, no cagaço mesmo, entrando na sala para fazer o exame teórico. Esse tem como regra que o candidato pode errar nove perguntas, passei raspando com vinte e um acertos, eu estava apta.

Comecei as aulas práticas bem empolgada, mas essa animação foi sumindo entre a segunda e a sétima aula. Eu achava que nunca conseguiria. Como assim eu preciso dar seta, reduzir velocidade e colocar na segunda marcha tudo ao mesmo tempo? Eu não sou um polvo. Quanto mais eu dirigia, mais eu detestava dirigir! Mas então as coisas foram mudando novamente. Percebi que a prática estava me ajudando a pegar o jeito da coisa, tive o mesmo sentimento de vinte anos atrás, de quando eu me dei conta de que havia aprendido a ler.

Acabaram as 25 aulas práticas obrigatórias. Em muitas dessas aulas eu pensei em desistir, deixei o carro morrer, não dei pisca, entrei com a dianteira do carro num matagal, subi encima do meio fio, bati no protótipo da baliza, chorei, chorei mais um pouco, fiquei irritada, mas tudo bem, tudo é aprendizado, e enfim, hoje eu estava lá, para o último desafio da minha saga rumo à minha carteira de habilitação, o temido exame prático.

O pátio do DETRAN estava lotado, cheio de pessoas que se encontram no mesmo barco, candidatos nervosos, ansiosos e sedentos pela sua tão desejada CNH, eu era uma dessas pessoas no meio daquela galera. Fiz uma oração em voz alta para Jeová, e Deus me concedeu a sua paz. Em dois minutos eu terminei de fazer a baliza, a tranquilidade dominou o meu coração e eu sei que isso só pode ter sido a ajuda que eu pedi a Deus. Esqueci de dar a seta no começo do desenvolvimento da baliza, por isso achei que tinha reprovado nessa primeira parte do exame, mas então, a examinadora disse, "ok, está perfeito!". Uma das minhas colegas reprovou logo depois e eu senti muito por ela. Mas, o exame seguia. Eu e mais um candidato conseguimos passar para a direção na rua. Dirigi ao lado da examinadora por uns três minutos, não sei ao certo, pra mim pareceu uma hora. Quando o teste estava quase terminando, em um cruzamento, um carro quase passou na frente do meu (que estava na preferencial) e a examinadora pisou no freio rapidamente, e sabe... se um examinador pisa no seu freio, você é automaticamente reprovadx. Mas acho que a examinadora entendeu a situação, e mais ainda, talvez ela tenha percebido que eu também pisei no freio. Voltamos para o pátio do DETRAN em silêncio, e na minha cabeça eu só conseguia repassar tudo o que possívelmente havia feito de errado. Tudo o que poderia me reprovar. Mas então, a examinadora saiu do carro e me deu a noticia tão esperada, eu estava apta. Quase chorei de felicidade, um sentimento de orgulho tomou conta do meu corpo, ao mesmo tempo em que um peso enorme saía das minhas costas.

Acabou. Agora é só esperar minha carteira de habilitação chegar em casa. A saga chega ao fim com gostinho de meta cumprida, objetivo alcançado. Agora se segurem, pois a Leslie está habilitada! Brincadeira, eu tento ser bem responsável no trânsito, haha.