Livro e Filme: Misery - Stephen King

Resenha: Livro Misery - Louca Obsessão de Stephen King

Mais uma resenha atrasada hein?! Nóis que lute. Terminei de ler Misery em agosto e entrei numa ressaca literária intensa, nem o romancezinho de Por Lugares Incríveis conseguiu me fazer voltar ao ritmo de leitura frequente que eu estava tendo antes. E apesar de Misery - Louca Obsessão não ser um livro fácil, não foi ele quem me causou a ressaca, mas, se não fosse por ela, essa resenha e comparação entre livro e filme já teria saído.

Paul Sheldon é um famoso escritor, conhecido principalmente por sua série de livros protagonizados por Misery Chastain. No dia em que termina de escrever o manuscrito do último livro da série, Paul se envolve em um acidente de carro, mas, para a sua sorte (ou não) ele é resgatado pela simpática enfermeira aposentada Annie Wilkes, que por coincidência (quem diria?) é também sua maior fã. Annie isola Paul em um quarto na sua casa enquanto ele se recupera, e por sua generosidade, o escritor deixa que ela leia seu manuscrito, porém, Annie acaba odiando o final de Misery, e diante de ameaças e torturas, faz Paul escrever outro livro. Mesmo ferido e debilitado, Paul terá que usar sua criatividade e esperteza para fugir de Annie e sua louca obsessão.

Gênero: Suspense/Thriller | Páginas: 353 | Nota: ★★★★☆ | Onde Comprar? Amazon

Acho que esse é o segundo livro do tio King que eu leio esse ano, e mais uma vez sua sina com finais cagados se repete. Não que Misery tenha um final ruim, mas alguém devia ter dito pro King: "Hey, para aí, já está bom!". Porém, ele insistiu em escrever um capítulo desnecessário, tudo bem, pelo menos não foi um final em aberto, foi só um sustinho, típico do autor, ou é eu que acho tudo muito imprevisível mesmo. E comecei falando do final.

Paul é um escritor genial, mas depois de um acidente de carro em meio a uma nevasca, ele se vê debilitado e preso, tanto ao seu manuscrito, pois ele escreve a série Misery, mas a odeia, como também não tem escolha e se submete aos "cuidados" repulsivos de Annie, sua autodeclarada fã número um. Paul basicamente foi sequestrado por uma pessoa desequilibrada, e o leitor passa a torcer por sua escapada. 

Como eu disse na introdução da resenha, Misery não é um livro fácil, na verdade, ele é escroto e repulsivo, mas como eu já estou acostumada a leituras mais densas, senti ânsia de vômito e tive que parar a leitura em apenas um momento (spoiler/selecione o texto para ler: a única cena que não aguentei é quando Annie espreme um rato com as próprias mãos, fazer o Paul beber água de pano sujo e cortar seu pé a sangue frio passou batido em comparação com o tal do rato). O livro é extremamente aflitivo, Stephen King conseguiu criar uma personagem/vilã que causa desconforto em todos os seus atos, pois mesmo quando ela parece calma e carinhosa, o leitor (e Paul) esperam sua fatídica explosão de violência. A leitura é angustiante e mais apreensiva do que se fosse com elementos sobrenaturais.

"Eu não tenho nada de que ter vergonha. Eu nunca sinto vergonha. As coisas que eu faço são para sempre, eu nunca fico remoendo esse tipo de coisa." - Annie; Pág.194

Apesar de ter achado que o finzinho do livro não precisava estar ali, como fã de suspenses, Misery foi uma ótima experiência pra mim, mesmo quando não estava lendo o livro, eu ficava matutando como Paul poderia sair daquela situação e qual seria o desfecho de Annie, chegava a discutir as opções até mesmo com o meu marido, que não leu o livro e só sabia o que eu havia lhe contado, haha.

O livro tem boa diagramação, não é uma tradução juramentada em inglês com todos os processos de legitimação, mas a tradução está boa e sem erros de português, dá pra ter uma leitura fluída no nosso próprio idioma. A edição que li é livro físico sem capa dura, mas isso não atrapalha em nada a experiência de leitura. 

Filme: Misery - Louca Obsessão

A adaptação cinematográfica tem a mesma base de roteiro do livro, mas com algumas mudanças, o que torna o filme muito (mas MUITO MESMO) mais tragável do que o livro. Em 1991, Kathy Bates levou para casa o Oscar de melhor atriz por seu papel como Annie Wilkes, e não é para menos, não sei se teria alguém melhor para dar vida à vilã

E tanto no livro quanto no filme é perceptível o delírio de Annie Wilkes e o vício de Paul Sheldon. Acho ruim quando um autor utiliza de doenças psíquicas para construir personagens maus, mas no caso de Annie, eu fiquei em dúvida se ela era má e agia de forma tão inescrupulosa por causa de alguma doença psicológica, ou se era seu caráter duvidoso falando mais alto. É visível que ela sofre, mas o jeito como ela lida com isso é que é o problema, o que acaba a tornando uma pessoa digna de pena, e ao mesmo tempo, de medo.

Recomendo o filme pra quem quer assistir um terror aflitivo sem influência sobrenatural, porém, se você tem estômago forte, passe direto pelo filme e leia o livro, a experiência será infinitamente mais abrangente.