Cadê o Nosso Querido Zé Gotinha?

Eu sou uma pessoa forte em relação a injeção, mas tudo o que envolve meu filho é mais difícil pra mim. Na verdade, acredito que isso aconteça com todos os pais, a gente prefere que qualquer sofrimento nos acometa, ao invés dos nossos filhos, e eu sempre fico aflita em dia de vacina, mas ainda mais quando meu filho está doente. 

Antes do Ravi nascer, eu e meu marido já deixamos planejado que a responsabilidade das vacinas sempre seria minha, por que ele é muito mais sensível que eu à agulhas. O plano é sempre o seguinte, eu seguro nosso filho durante a aplicação da vacina, e depois ele vai para o colo do pai, que o acalma e acalenta. Porém, da última vez meu marido não pode ir conosco. 

Já cheguei aflita no Posto de Saúde, pois sabia que teria que ver meu filho tomar quatro injeções, uma seguida da outra, e depois a responsabilidade de consolá-lo também seria minha. Enquanto a enfermeira manipulava a primeira seringa e preparava tudo na bandeja, perguntei a ela se não era possível dividir as picadas, se o Ravi podia talvez tomar duas vacinas naquele dia e as outras duas na semana que vem, e ela me respondeu que o conselho do governo era aplicar tudo por que boa parte dos pais não aparece pra completar o esquema vacinal dos próprios filhos. Pois é, em 2020 por exemplo, os índices divulgados pelo Programa Nacional de Imunização (PNI) apontavam que 51% das crianças brasileiras não tinham o esquema vacinal completo.

Durante a pandemia passamos por um momento de descrença em relação às vacinas, quem quis tomar a vacina contra Covid, tomou. Quem não quis, tá aí até hoje correndo risco, mas deixar de vacinar os próprios filhos com vacinas antigas, que você mesmo deve ter tomado quando criança, é pura negligência! Além disso, algumas vacinas quando não são aplicadas dentro da janela de idade correta, já não pode mais ser tomada depois que a criança cresce, ou seja, ela perde totalmente a chance de ser imunizada. Portanto, enquanto a enfermeira agilizava as quatro seringas para o Ravi, me senti grata e pensei que era melhor sentir a dor de algumas picadas agora, do que ficar doente depois.

No fim, deu tudo certo, uma injeção em cada braço e uma em cada perna. Doeu. O Ravi chorou. Mas acabou, o distrai e o acalentei. É isso, ele está com seu esquema vacinal completo e essa culpa como mãe, eu não tenho. 

O apelo é real, as crianças precisam ser vacinadas, seja por gotinhas ou injeção, é algo necessário. Não deixe de se vacinar, e nem de vacinar seus filhos.