Filme: A Jovem e o Mar

Gertrude Ederle: A Primeira Mulher a Atravessar o Canal da Mancha à Nado

Comecei a assistir despretensiosamente o filme A Jovem e o Mar na plataforma de streaming Disney+ e me surpreendi positivamente com o enredo, tanto que precisei trazer essa resenha para o blog e comentar sobre a dimensão da importância das conquistas de Gertrude Ederle e como isso ecoou até os dias de hoje.

A Jovem e o Mar é uma obra biográfica que retrata a história de Gertrude Ederle, ou apenas Trudy para os mais íntimos, a primeira mulher a atravessar a nado o canal da mancha, um espaço de 34Km de oceâno Atlântico que fica entre a França e a Inglaterra. Mas, antes de tal proeza, Gertrude teve que lutar contra o machismo fortemente empregado na sociedade da década de 1920.

Gertrude sempre foi uma garota determinada. Ainda muito pequena teve sarampo e sua audição foi comprometida, os médicos recomendaram que ela não tivesse contato com a água além do necessário, pois isso poderia piorar a sequela do sarampo, mas Trudy convenceu seu pai que queria aprender a nadar. E é assim que começa o roteiro de A Jovem e o Mar, um filme que propõe base para várias reflexões significativas. 

O filme mostra o impacto do patriarcado não apenas na vida da protagonista, mas também destaca a influência dele em outras mulheres de seu convívio e a importância de ser exemplo ao defender suas próprias convicções. Trudy com seu grande empenho em praticar natação mesmo quando parecia não haver apoio, acabou inspirando a coragem e dedicação da própria mãe, que apesar do mundo dos esportes ser marjoritariamente masculino, colocou Gertrude e sua irmã em um grupo feminino de nadadoras. 

Mas mesmo depois de ganhar muitos prêmios e até quebrar recordes masculinos, Gertrude ainda era vista como uma moça com o destino traçado rumo ao casamento, e para reter as rédeas de sua própria vida, ela achou que deveria fazer mais do que ser uma atleta, Trudy precisava mostrar que era extremamente capaz. Isso lhe parece comum? Pois bem, passaram-se cem anos e as mulheres ainda precisam demonstrar muito mais empenho em qualquer atividade para se ter o mesmo reconhecimento que a comunidade masculina. Na verdade, a grande façanha de Gertrude Ederle ao cruzar o canal da mancha foi uma tentativa de demonstrar que ela podia fazer o que quisesse, mesmo que fosse uma mulher. Gertrude fez mais do que o esperado em inúmeros sentidos, nadou 56Km de um trajeto de mar aberto que a empurrava a favor da correnteza, contrária ao seu objetivo, mas a força da natureza não foi nada em vista de sua determinação em provar que era capaz.

Depois de fazer algumas pesquisas, notei que o filme é fiel à história de Gertrude, então vale a pena assistir sabendo que os acontecimentos são verídicos. Além disso, A Jovem e o Mar foi gravado em sua maioria com cenas em mar aberto, a atriz Daisy Ridley fez laboratório e aulas de nado para representar a protagonista, e o resultado é uma interpretação muito boa com uma fotografia de se encher os olhos. 

Gertrude Ederle cruzou barreiras hostis e se tornou um grande exemplo de perseverança, com certeza, ela abriu caminhos para que as mulheres de hoje pudessem provar sua presença social. Vale a pena conferir o filme que mostra sua história de superação.